Palavras-chave:
* Corpos sutis
* Espiritualismo
* Yoga
* Esoterismo
* Teosofia
O Corpo Átmico:
Existe uma maneira de definir o que, por definição, transcende símbolos e palavras? Que vai além de qualquer definição?
Qualquer tentativa de descrever o corpo átmico como Essência, Eu superior ou Alma será insuficiente. A ineficácia das palavras para descrever estados tão elevados foi comprovada ao longo de milênios por muitas civilizações e muitos místicos.
Dante Alighieri, na Divina
Comédia, dizia que ao chegar ao Paraíso das esferas mais altas as palavras lhe
faltavam. Dizia estar imerso em um contexto “inefável”, ou seja, que não pode
ser descrito com nenhum termo terreno adequado.
De acordo com algumas filosofias místicas indianas, o Uno, o Ser Universal, o Brahman transcendente e eterno, não se manifesta diretamente no mundo.
Ele emana de si mesmo uma manifestação
temporária, que é o mundo, e se torna imanente nele. Dessa maneira, sua
essência fica abrigada nos seres.
O Atman, segundo essas filosofias
orientais, é uma centelha que é feita da mesma substância do Brahman
trascendente, da Divindade Eterna que gera o cosmo. E embora possamos
concebê-la como algo separado, na verdade permanece unida à Divinidade, que na
prática não está limitada por tempo nem espaço.
O corpo átmico é então aquele
corpo constituído pela mesma substância divina. E não só: é o corpo que não se
envolve com o mundo, é aquele que permanece no Eterno, que nunca deixa Deus.
Ele é uno com Deus, é uma centelha que não deixa a fogueira da Divindade. Está
além de toda dualidade.
Segundo algumas filosofias
esotéricas ocidentais, ele é o próprio anjo da guarda, que ao mesmo tempo que
fica com seu protegido permanece em Deus e com Deus.
O anjo portanto, seria seu
próprio protegido no seu nível mais alto de consciência. Ele já está lá em
cima, já está iluminado, mas o homem ainda está adormecido para se dar conta
disso e portanto percebe as coisas como uma dualidade.
O corpo átmico significa que Deus
está eternamente presente. E ele não apenas está dentro de nós, nós somos Ele.
No corpo átmico, não somos mais
nem Adão nem Eva, feitos à imagem e semelhança de Deus. Somos a própria
Divindade que anda e observa o jardim de sua Criação.
Somos o Absoluto, o Universal,
que se manifesta em cada um dos seres individualizados, por menores que sejam.
Certa vez, houve um certo guru que ensinou a um discípulo, que se sentiu deprimido ao enfrentar as dificuldades da existência:
“Você tem que se ver como de fato é: um espírito em roupas terrenas. A verdadeira pessoa, o eu que você é, não é esse seu corpo, como eu não sou meu corpo. Estas são coisas frágeis e sofridas. Somos espíritos imortais e divinos, fortes e indestrutíveis. Sempre tendendo a melhorar, aperfeiçoar, verificar as nossas qualidades. Agora mesmo estamos em uma missão aqui na Terra; não sabemos o que é, mas fatalmente será para o nosso bem.”
E esse bem supremo reside no corpo átmico.
O Atman
O atman pode ser considerado como a parte mais abstrata da natureza humana.
É também na verdade a única
realidade. A que está além de toda a ilusão, completamente livre do que os
indianos chamam de o “Véu de Maya”, que é o sonho da existência. Ou seja, o Véu
de Maya engloba as manifestações, que podem ser consideradas ilusórias em
comparação com o Eterno, com a Essência Divina.
O Atman é a realidade que se
manifesta em todos os planos. É a essência em relação á qual todos os
princípios humanos nada mais são do que aspectos.
O Atman não tem forma nem
aparência, e ao mesmo tempo pode assumir qualquer forma e qualquer aparência.
Para funcionar nos planos inferiores da existência, o Atman deve usar Buddhi como veículo e, em seguida, Buddhi se torna também um canal de comunicação entre o Atman e a consciência humana
Ou, como Blavatsky diz, “Buddhi é a faculdade de conhecer o canal pelo qual o conhecimento divino atinge o Ego, levando ao discernimento do bem e do mal.”
O discernimento do bem e do mal, em sua maior profundidade, algo que vem do próprio corpo átmico, sendo este livre de todo o mal e consciente que o mal é o que separa o homem de Deus. É o que, portanto, torna ele incapaz de perceber seu Atman.
O corpo átmico e a Bhagavad Gita
O corpo átmico se manifestou por
exemplo para o guerreiro Arjuna, no livro sagrado hindu chamado Bhagavad Gita
(“A Canção do Divino Senhor”), quando Krishna, a encarnação do Absoluto,
revelou seu verdadeiro Eu:
“Krishna mostou então para Ajuna
sua forma suprema de divindade infinita, com rostos voltados para todas as
partes.
Continha em si todas as
maravilhas do existente, que multiplica infinitamente todas as esplêndidas
manifestações do Seu,
Arjuna tinha diante de si uma divindade vasta como o Mundo, que vê através de inumeráveis olhos e fala através de inúmeras bocas, com nas mãos armas refulgentes, gloriosa em seus ornamentos divinos, vestida com um raio celeste de divindade, suave com suas guirlandas de flores divinas, envolta em divinos aromas.
Tão luminoso era aquele ser
magnânimo que se pode compará-lo a mil sóis que surgissem juntos no firmamento.
O Mundo inteiro, múltiplo e no
entanto uno, era visível no corpo do Deus dos deuses.
E então, maravilhado, estupefato
e amedrontado, Arjuna se curvou e, juntando as mãos, dirigiu-se à
divindade:
Em Teu corpo, ó Deus, contemplo
todos os deuses e as inúmeras variedades de seres ao lado de Brahma, sentado em
seu trono de lótus, e todos os rishis (santos) e serpentes divinas.
Vejo inúmeros braços, ventres,
olhos e bocas. Mas não vejo em Ti origem, meio ou fim, ó Senhor do Universo,
forma universal.
Vejo-Te com a fronte enfeitada
pela tiara e armado com a maça e o disco, mas mal posso te considerar algo
separado fora de mim, pois és por toda parte a meu redor uma massa luminosa de
energia, imensurável, resplandescente como o fogo e como o Sol.
Tu és o imortal e o mais sublime
de todos os seres que se possa conceber, sustentáculo e morada do Universo;
perene guardião da lei eterna e causa perpétua de tudo quanto existe.
Em Ti não há princípio, meio ou
fim; Teu poder é imenso; infinitos são Teus braços. Tens por olhos o Sol e a
Lua; Teu rosto é flamejante como o fogo do sacrifício e com Tuas irradiações
abrasas este Universo.
Apenas Tu preenches o espaço
entre o céu e a Terra. Os três mundos estremecem, ó ser magnânimo, ao
contemplar Tua forma tremenda e prodigiosa.”
Como diz Raul Seixas, em sua famosa música Gita, inspirada neste grande poema indiano, “Eu sou o início, o fim e o meio”, e este é o corpo átmico na natureza do homem.
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