Origem do termo
“Caridade” é um termo que deriva do latim caritas (benevolência, afeto), e no sentido geralmente entendido indica um amor puro e desinteressado que leva a pessoa a realizar boas ações que beneficiam os necessitados.
Na teologia católica, é uma das três virtudes teologais, junto com a fé e a esperança.
E o mesmo termo também é usado em referência ao ato de dar esmolas (na expressão “fazer caridade”) e às vezes em referência a diferentes forma de serviço voluntário.
A caridade no cristianismo
No Cristianismo, o termo “caridade” representa o amor pelos outros tornado ação; acredita-se que é a virtude que alcança a mais alta perfeição do espírito humano, pois reflete e glorifica a natureza de Deus.
Em suas formas mais extremas, pode alcançar o auto-sacrifício, até o sacrifício da própria vida, para ajudar o semelhante.
Pela caridade o homem cumpre o mandamento de amor deixado por Jesus Cristo aos seus discípulos e, assim, obtém a paciência para suportar os males terrenos e alcançar a felicidade espiritual.
Ela está bem exemplificada no seguinte texto bíblico:
“Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. (Marcos 12:28-31)
A caridade pode ser implementada na prática por meio de obras de misericórdia tanto corporais como espirituais, tanto ajudando o outro com algum bem material como através de orações sinceras e feitas com concentração.
A caridade no Espiritismo
Um dos lemas mais conhecidos do Espiritismo é “Fora da caridade não há salvação”, o que deixa bem claro a importância dela na doutrina espírita.
Para os espíritas é aquela ação levada adiante por um sentimento de amor e por nós realizada em favorecimento do próximo.
Não consiste somente em dar esmolas aos pobres, ou em qualquer outra forma de auxílio espiritual que é fornecido.
A caridade abrange todas as situações em que é dada ajuda ao semelhante. Por exemplo através de conselhos. Que pode ser fornecido através de encarnados ou desencarnados. Que são trazidos pela boa disposição e pelo espírito caridoso do médium,
Uma expressão clara da caridade, compartilhada por espíritas, católicos, protestantes ou cristãos ortodoxos, é praticar o mandamento evangélico de amar ao próximo como a si mesmo, fazendo ao próximo aquele bem que queremos que nos seja feito, praticando a benevolência para com todos e sendo tolerante diante das imperfeições alheias, já que queremos que o próximo também seja compreensivo conosco.
Kardec chega a dizer que todo ensinamento do Cristo se concentra na caridade.
A caridade no judaísmo
Um dos principais mandamentos do Judaísmo é “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Levítico 19:18), às vezes chamado de Grande Mandamento, e que ressoou também no ensinamento de Jesus e portanto em todo o cristianismo e nas religiões próximas do cristianismo.
No judaísmo, é considerada uma forma de justiça, já que a justiça de Deus se manifesta através da ajuda aos necessitados, e é conhecida como Zedaqah.
A caridade no islamismo
Tanto o Alcorão quanto outros escritos de Maomé enfatizam que é uma obrigação para todo muçulmano.
Um dos pilares do Islã é, portanto, a esmola obrigatória, chamada zakat.
Ao lado dela, há uma forma voluntária de caridade que é chamada de sadaqa.
A caridade no budismo
Na religião budista, a compaixão (chamada karuna) é considerada uma virtude fundamental.
Não se identifica simplesmente com a empatia, ou seja, a participação no sofrimento alheio, mas deve levar a um papel ativo, realizando ações para amenizar esse sofrimento.
A compaixão surge da benevolência para com os outros (chamada maitri) e é realizada por meio da generosidade (chamada dāna) que, entretanto, não deve ser limitada apenas ao aspecto material (como esmolas aos necessitados),
O que os budistas chamam de compaixão, em suma, podemos identificar com o que é caridade para nós ocidentais.
O que não é caridade?
Não é caridade dar somente por dar, sem se envolver efetivamente no ato de dar.
Não é “fazer o bem” com a intenção de receber algo em troca.
Não é ajudar o próximo para se sentir bem consigo mesmo, ou para aliviar um senso de culpa.
Não é dar ajuda ou esmolas e depois sair se vangloriando por isso.
Então o que seria realmente caridade?
A caridade está nos ensinamentos de todas as religiões que mencionamos.
A caridade é dar participando do ato de dar, é um envolvimento ativo.
Ela é fazer o bem sem esperar nada em troca, sem ficar aguardando pelos frutos de uma ação.
A caridade é aquela necessidade interna de ajudar o próximo pelo bem dele, porque ele precisa.
A caridade é o ato de auxiliar o outro, financeiramente, espiritualmente, ou de qualquer outra forma, sem se celebrizar por isso.
Quem é realmente caridoso prefere agir no silêncio, fazer simplesmente, e não usar a caridade para se envaidecer.
Deve vir do fundo do coração, do contrário não é caridade.
A caridade consiste às vezes inclusive em dizer alguma verdade incômoda ao próximo, pois você o estará aconselhando pelo bem dele, mesmo que num primeiro momento não soe algo agradável para ele.
Esse conselho caridoso pode até provocar um desentendimento e uma situação desagradável. Da qual, se você for realmente caridoso, não irá fugir. Pois está mais preocupado com o próximo do que em ficar na sua zona de conforto.
Algo importante a se lembrar é que a prática da caridade começa na nossa casa, ela se manifesta através da nossa forma de agir diante de parentes, empregados e pessoas próximas.
As pessoas devem ser tratadas de forma afável, com gentileza, e se você não está pronto a fazer o bem a quem está ao seu lado, de que adianta sair distribuindo esmolas pela rua?
Você pode estar distribuindo essas esmolas para se aparecer e se sentir bem, para aliviar a culpa, mas não é realmente caridoso se trata mal um pai ou mãe doente ou briga o tempo todo com um irmão por ser diferente de você. Ou então se nunca dá um presente ao cônjuge para fazê-lo mais feliz.
Por fim, também se expressa na satisfação que sentimos ao ver o progresso dos que se esforçam no e pelo bem.
A verdadeira caridade quer ver o sucesso alheio. Ela nunca é invejosa, e se alegra com a felicidade alheia.
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