A origem do Salmo 91
O Salmo 91 é certamente um dos mais famosos e importantes da Bíblia. Ao longo da história, sempre foi muito comentado e estudado.
A tradição indica que ele foi escrito por Moisés e talvez tenha sido um salmo cantado no deserto, após a fuga dos israelitas do Egito.
Teria sido usado pelos levitas, os antigos sacerdotes do povo judeu, em suas práticas de devoção a Deus.
O Salmo tem início com uma declaração clara e firme de que Deus é nossa fortaleza, nosso lugar de segurança, nosso refúgio, nossa maior solidez.
O texto do Salmo 91
Os versos do Salmo 91, pode-se dizer, estão entre as palavras mais bonitas de toda a Bíblia.
Você pode comprovar isso lendo esse salmo em voz alta:
1. Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
2. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
3. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
4. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
5. Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia.
6. Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
7. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido.
8. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
9. Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
10. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
11. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
12. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
13. Pisarás o leão e a cobra, calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
14. Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei, pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
15. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
16. Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.
Significados do Salmo 91
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”, com esta frase começa a oração do Salmo 91. Ela é uma injeção de confiança hoje mais do que nunca. Afinal, assim o fiel, o homem ou mulher de fé e espiritualidade, poderá repousar sob a proteção de Deus.
A sombra, aqui, é algo que traz frescor, que alivia.
Não por acaso Deus é “meu refúgio, minha fortaleza, e nele confiarei”, pois é feito aqui um voto de fé e devoção. A pessoa coloca sua vida nas mãos de Deus, confia a Ele seu espírito.
E Ele ordenará aos seus anjos que protejam a pessoa em todos os seus passos.
Aqui está uma mensagem de grande esperança contida nesta magnífica oração, que nos livra da angústia e do medo.
No mesmo salmo é dito que não há que se temer o terror da noite, que pode representar, entre outras coisas, os perigos ocultos, as forças das trevas, nem a seta que voa de dia.
O que seria esta seta? Podemos dizer que são os perigos evidentes, do mundo material. Se por um lado as trevas escondem, são os perigos espirituais, que costumam ser invisíveis para nós, por outro temos os perigos do dia a dia.
Podemos vê-los nos horrores que ocorrem todos dias nas nossas grandes cidades. Coisas como assaltos, homicídios, estupros. Na oração, pedimos para que Deus nos proteja também destas coisas.
Ele nos livra do laço do passarinheiro: ou seja, aqui o salmista pode estar se referindo aos vícios que nos prendem ao mundo. Vícios que se tornam como uma teia ou um laço. Deus tem o poder de nos livrar isso.
Também afasta a peste perniciosa: ou seja, da doença. Oramos também para que tenhamos saúde.
Na parte em que diz que Deus cobre o fiel com suas penas, e usa a imagem de asas, o salmista se refere tanto ao aspecto da proteção como, ao mencionar um ser alado, ao fato que podemos “voar”, nos elevar, ao nos conectarmos com Deus. Que é ao mesmo tempo nosso escudo.
É, em suma, quem tanto nos protege como nos eleva.
A mortandade que assola ao meio-dia e a peste que anda na escuridão podem ser aquelas doenças sorrateiras, que quando menos esperamos se manifestam. Doenças não só do corpo como da alma. Por isso precisamos cuidar de nossa sanidade, e Deus está aqui para nos ajudar a fazer isso.
“Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido”: fica claro aqui que o objetivo da oração é permanecer firme, e protegido, mesmo que o mundo esteja caindo, mesmo que estoure uma guerra. Mas a espiritualidade facilita que permaneçamos firmes no meio da tempestade.
Podemos pensar até no período de pandemia neste ano de 2020. Muitas pessoas perderam entes queridos, talvez tenha acontecido com você ou com alguém que conheceu.
É fácil se entregar ao desespero, e até mesmo compreensível. Mas a espiritualidade nos ajuda a manter o equilíbrio de situação e a preenchermos o vazio por meio da fé.
Quando falta fé, é preciso buscá-la, e daí a importância de orar e meditar.
“Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação, ” aqui a pessoa novamente busca refúgio em Deus. Sua casa terrena é apenas uma das moradas, e entre todas a menos relevante.
A verdadeira casa, a verdadeira morada, está acima de nós. E podemos saborear um pouco dela aqui na Terra se formos pessoas mais espirituais.
“Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos, ” aqui temos a importância dada à proteção espiritual. Aos anjos, que obedecem às ordens de Deus e não às nossas.
Portanto, se você quer se conectar com seu anjo da guarda, por exemplo, peça isso em primeiro lugar a Deus. É Ele o “chefe” dos anjos, e é Ele quem em primeiro lugar vai te dar proteção.
“Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra, ” o salmo fala aqui da proteção que faz com que não tropecemos nas pedras que há em nosso caminho.
Ou seja, se mantivermos uma boa conduta, se valorizarmos a espiritualidade, ainda cometeremos erros, mas a tendência é que erraremos muito menos do que quem leva uma vida desligada de bons valores. Os tropeções serão menos bruscos e as quedas menos dolorosas.
“Pisarás o leão e a cobra, calcarás aos pés o filho do leão e a serpente, ” ou seja, não precisará ter medo do mal, passará por cima dele de certa forma.
As coisas ruins não terão poder sobre você.
“Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei, pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome, ” a pessoa aqui, ao estar mais próxima de Deus, e buscar sua proteção, estará como em uma alta montanha, um alto retiro, onde ficará protegida do mal.
“Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei, ” aqui vemos uma relação de proximidade com Deus que é recíproca: na angústia o fiel será aliviado; e em troca Deus só pede para ser lembrado.
“Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação, ” os dias serão mais longos portanto, renderão mais, e a pessoa encontrará a salvação de sua alma, ou seja, ficará protegida das influências do mal.
Quando posso recitar o Salmo 91?
Recitar o Salmo nunca te fará mal.
Mas se quiser escolher algum momento, faça-o principalmente quando estiver em dificuldades e sentir que estiver sendo atacado, espiritualmente ou de outra forma.
Você pode incluí-lo entre suas orações diárias, se quiser.
“É meu refúgio, minha fortaleza, e nele confiarei”. Repita e fortaleça-se. O Salmo 91 lhe trará muita força e você não se decepcionará.
Uma tradição antiga: o salmo 91 no Judaísmo
Como acenamos acima, o Salmo 91 pertence a uma antiga tradição, tem uma história extremamente rica. Ele é muito importante na liturgia do judaísmo. É recitado durante diversos rituais, nos quais o versículo 16 é sempre pronunciado duas vezes.
De acordo com Machzor Vitry, um antigo livro de orações do século XI, o versículo é duplicado para completar a pronúncia de um nome de Deus.
O Salmo 91 é recitado sete vezes durante a cerimônia de sepultamento. À medida que os portadores do caixão se aproximam da sepultura, eles param após alguns poucos passos por diversas vezes, repetindo o salmo. No caso do enterro de uma mulher, os portadores do caixão não interrompem a procissão, mas repetem o salmo sete vezes. [20]
O versículo 11 do Salmo 91 é recitado após o poema litúrgico Shalom Aleichem na refeição da noite de sexta-feira.
O Salmo 91 é frequentemente recitado como uma oração por proteção. Algumas pessoas o recitam antes de embarcar em uma viagem.
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