Quem é Obaluaê?
Obaluaê é o Orixá mais temido dentre todos e é conhecido também como Omulu. Regente da passagem daqueles que dão adeus à vida, é quem comanda a terra, onde tudo nasce e tudo morre, é por isso é tão temido e respeitado, já que é o senhor das almas.
Saudação a Obaluaê
Sua saudação é “Atotô Obaluaê”, que significa “silêncio para o grande Rei da Terra”.
Seu campo energético reside nos cemitérios e é comumente chamado de calunga pequena. Desta forma, sua vibração é a das almas e por isso congrega as falanges dos Pretos Velhos.
Suas cores são o preto e o branco e, quando Omulu, ainda tem a cor terra, tanto para velas como para guias.
Xaxará: a Ferramenta de Obaluaê
A ferramenta de Obaluaê é o Xaxará, que é um cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas.
É através deste instrumento que o Orixá absorve todas as energias negativas de quem recorre à sua ajuda e varre as chagas materiais e espirituais para longe.
Obaluaê e Omulu: quais as diferenças?
Apesar de muitos não saberem e se confundirem, Obaluaê e Omulu atuam em diferentes vibrações. O primeiro assume a forma mais jovem do Orixá. Já o segundo adota a sua forma velha.
As energias que irradiam também são diferentes, pois o primeiro significa a passagem e o segundo o portal das almas.
O Sincretismo e o dia de Obaluaê
Seu dia da semana é a segunda-feira e seu sincretismo com o catolicismo ocorre de duas formas.
Quando acompanhado de Nanã, ele é Obaluaê, o mais jovem. Enquanto sua mãe apaga as memórias das pessoas que logo morrerão, ele faz a passagem de sua alma do mundo material para o espiritual. Este Orixá é sincretizado com São Roque (padroeiro dos enfermos vítimas de peste e dos cirurgiões) no dia 16 de agosto.
Já na energia de Omulu, em que ele se mostra em sua forma mais velha, traz Iemanjá ao seu lado. Assim, temos o sincretismo com São Lázaro (protetor dos leprosos e dos mendigos, que mesmo passando por diversas provações não deixou de ter fé) em 17 de dezembro.
Quem recorre a este poderoso Orixá geralmente busca ajuda para doenças e chagas físicas, espirituais ou psicológicas, já que ele traz em sua própria história a experiência com a cólera e a cura, além de carregar e conhecer o sofrimento da enfermidade. Por isso não quer que ninguém passe por essa dor.
Também é exatamente por conta das doenças que Obaluaê carregou que sua vestimenta é feita de palha cobrindo o corpo. Foi moldada para que ninguém visse suas chagas, para que não o repelissem.
História de Obaluaê
Em sua história, Obaluaê é filho de Nana Buruquê e Oxalá. Por conta de um confronto de sua mãe com seu pai, seu nascimento foi marcado pela cólera, ou seja, Obaluaê veio ao mundo repleto de marcas da varíola, o que provocou seu abandono logo recém-nascido, à beira-mar.
Quando Iemanjá, Orixá rainha do mar, encontrou a criança recém-nascida cheia de chagas, resolveu cuidar dela e lhe dar todo o amor de que merecia, adotando-a como seu próprio filho. Ensinou-o a superar a tristeza e os males das doenças que carregava. No entanto, mesmo assim, Obaluaê cresceu com grande vergonha de sua aparência e, por conta disso, resolveu se esconder, cobrindo-se de palhas, dos pés à cabeça.
Além disso, sua história de vida afetou sua personalidade, tornando-se um Orixá sério e temeroso, porém cuidador de todos aqueles que se entristecem pela vergonha do que são.
Mensagem de Obaluaê
Certa vez, quando Obaluaê, estava caminhando pelo mundo, passou por uma vila, onde, com fome e sede, pediu um prato de comida e um copo d’água, porém os moradores, temerosos com a figura coberta de palha, imediatamente o expulsaram do lugar, lhe negando qualquer ajuda.
Com imensa tristeza, o Orixá fez com que a vila caísse em verdadeira desgraça. Seus moradores adoeceram, caíram em miséria, viram suas lavouras apodrecerem e suas fontes de água secarem. Desta forma, passaram a ter fome e sede. Perceberam que isso acontecia por terem negado ajuda a um Orixá.
Obaluaê, que presenciava tudo de longe, viu os moradores lhe pedirem perdão, assim como lhe darem o último prato de comida que sobrara. Imediatamente, o vilarejo voltou à vida normal, prosperando como sempre acontecera, porém o Orixá pediu aos que ali moravam para que nunca mais negassem ajuda, a quem quer que fosse, por conta de sua aparência ou história.
Pipoca de Obaluaê
Os Umbandistas e Candomblecistas possuem grande fé no banho de pipoca de Obaluaê, por conta do seu grande poder de cura físico e espiritual e por afastar as energias ruins.
Em rituais afros, a pipoca é um item mágico que absorve energias negativas e é muito utilizada para rituais de saúde e descarrego.
Muitos se perguntam o porquê da pipoca e os efeitos do seu banho poderoso. Contudo, poucos sabem que sua origem vem da história do próprio Orixá.
Em uma festa dos Orixás, Obaluaê, com vergonha de participar por conta da sua aparência, ficou escondido em um canto e resolveu assistir de longe à alegria dos demais.
Iansã, a grande Orixá, deusa dos ventos, ao ver aquela tristeza e até mesmo a repulsa dos demais, resolveu ajudar Obaluaê e causou sobre ele uma grande ventania, levando suas palhas para bem longe. Neste momento, as chagas que cobriam o seu corpo caíram no chão, estourando como pipoca, e então foi visto um homem belo e brilhante como o Sol e amado por todos. Desde então, Iansã e Obaluaê ajudam seus filhos a lutarem contra os males do mundo.
Então a pipoca se tornou o principal elemento de Obaluaê e seus banhos têm tanto poder que só devem ser feitos por mães e pais de santos ou por pessoas escolhidas por eles, para ajudar os filhos das casas e terreiros.
Banho de Pipoca:
- Ingredientes: milho de pipoca, azeite de dendê e lascas de coco.
- Material: Alguidar.
- Modo de Fazer: Estoure o milho em uma panela com o azeite de dendê. Coloque a pipoca em um alguidar e enfeite com lascas de coco.
Obs: Sempre converse com alguém experiente na religião antes de colocar este banho em prática! Essa pessoa irá orientá-lo (a) da melhor forma.
Como são os filhos (as) de Obaluaê
Os filhos desses orixás, muitas das vezes, apresentam uma personalidade séria, ranzinza e até mesmo depressiva, sempre com negativismo. São teimosos e acabam tendo inúmeras doenças físicas, por conta de seu psicológico.
Em contrapartida, são pessoas extremamente amáveis, carinhosas e doces. São amigos verdadeiros e defendem com unhas e dentes aqueles que amam. Ter um filho de Obaluaê como amigo é ter certeza de que receberá uma amizade bem sincera.
São também pessoas muito trabalhadoras e dedicadas em tudo o que fazem e geralmente alcançam aquilo que almejam.
São espiritualmente belos e não distinguem ninguém por qualquer tipo de diferença, além de estarem sempre dispostos a ajudar a quem precisa. Possuem o brilho do Sol em sua alma.
Oração de Obaluaê
“Proteja-me, Pai, Atotô Obaluaê!
Oh, Mestre da Vida,
Proteja seus filhos para que suas vidas sejam marcadas pela saúde.
Vós sois o limitador das enfermidades.
Vós sois médico dos corpos terrenos e almas eternas.
Suplicamos sua misericórdia aos males que nos afetam!
Que suas chagas abriguem nossas dores e sofrimentos.
Conceda-nos corpos sadios e almas serenas.
Mestre da Cura, amenize os sofrimentos que escolhemos resgatar nesta encarnação!
Atotô meu Pai Obaluaê!
Dominador das epidemias.
De todas as doenças e da peste.
Omulu, Senhor da Terra.
Obaluaê, meu Pai Eterno.
Dai-nos saúde para a nossa mente, dai-nos saúde para nosso corpo.
Reforçai e revigorai nossos espíritos para que possamos enfrentar todos os males e infortúnios da matéria.
Atotô meu Obaluaê!
Atotô meu Velho Pai!
Atotô Rei da Terra! Atotô Babá!
Mestre das almas!
Meu corpo está enfermo…
Minha alma está abalada,
Minha alma está imersa na amargura de um sofrimento
Que me destrói lentamente.
Senhor Omulu!
Eu evoco – Obaluaiê
Oh!
Deus das doenças
Orixá que surge, diante dos meus olhos
Na figura sofredora de Lázaro.
Aquele que teve a graça de um milagre
No gesto do Divino Filho Jesus.
Oh!
Mestre dos mestres
Obaluaiê
Teu filho está enfermo…
Teu filho se curva, diante da tua aura luminosa.
Na magia do milagre,
Que virá de tuas mãos santificadas pelo sofrimento…
Socorre-me…
Obaluaê…
Dai-me a esperança da tua ajuda.
Para que me encoraje diante do martírio imenso que me alucina,
Façais com que eu não sofra tanto – Meu Pai
Gostou do artigo? Comente aqui e compartilhe em suas redes sociais!