junho 3, 2021

O tabaco como planta de poder.

O tabaco nos dias atuais costuma estar associado a vício e danos para a saúde, o que não deixa de ser verdade. Mas há também a questão que o que é vendido nos cigarros possui muitos aditivos químicos que o tornam mais nocivo do que a planta em estado natural, que é há muito tempo usada em rituais de diversos tipos, principalmente pelos povos indígenas, que a consideram uma planta de poder.

Também ainda é usada na Índia e em países muçulmanos com finalidades místicas.

Vamos em primeiro lugar saber um pouco sobre sua história.

O uso tradicional do tabaco

O tabaco é usado há muito tempo nas Américas, com alguns locais de cultivo no México datando de 1400–1000 a,C.

O uso tradicional do tabaco

Muitas tribos nativas americanas tradicionalmente cultivam e usam. Historicamente, as pessoas das culturas das Florestas do Nordeste dos Estados Unidos carregavam o tabaco em bolsas como um item comercial prontamente aceito.

Era fumado tanto socialmente quanto cerimonialmente, como para selar um tratado de paz ou acordo comercial.

Em algumas culturas nativas, é visto como um presente do Criador, com a fumaça cerimonial do tabaco levando os pensamentos e orações ao Criador.

Popularização

Após a chegada dos europeus às Américas, o tabaco se tornou cada vez mais popular como item comercial.

Hernández de Boncalo, cronista espanhol das Índias, foi o primeiro europeu a trazer sementes para o Velho Mundo em 1559 por ordem do rei Filipe II da Espanha.

Essas sementes foram plantadas nos arredores de Toledo, mais especificamente em uma área conhecida como “Los Cigarrales” em homenagem às pragas contínuas de cigarras (e daí vem o nome do cigarro).

Antes do desenvolvimento das variedades mais leves de tabaco, a fumaça era forte demais para ser inalada.

Fumavam-se pequenas quantidades por vez, usando cachimbos.

Tornou-se tão popular que a colônia inglesa de Jamestown o usava como moeda e começou a exportá-lo como safra comercial.

Os alegados benefícios do tabaco também contribuíram para seu sucesso. O astrônomo Thomas Harriot, que acompanhou Sir Richard Grenville em sua expedição de 1585 à Ilha Roanoke, pensou que a planta “abre todos os poros e passagens do corpo” para que os corpos dos nativos “sejam notavelmente preservados na saúde, e assim não sofrem muitas doenças graves, com as quais nós, na Inglaterra, muitas vezes sofremos.”

A produção para fumar, mascar e cheirar tornou-se uma grande indústria na Europa e em suas colônias em 1700.

O tabaco tem sido uma cultura comercial importante em Cuba e em outras partes do Caribe desde o século XVIII. Os charutos cubanos são mundialmente famosos.

No final do século 19, os cigarros se tornaram populares. James Bonsack inventou uma máquina para automatizar a produção de cigarros. Esse aumento na produção permitiu um grande crescimento da indústria do fumo até as revelações de problemas para a saúde no final do século XX.

O tabaco como planta de poder para os indígenas da América do Norte

tabaco como planta de poder para os indígenas

Nos rituais, cerimônias e observâncias religiosas dos índios da América do Norte, o tabaco é um fio condutor de comunicação entre os seres humanos e os poderes espirituais.

Diz-se que os manidog (espíritos) gostam muito de fumo e que uma maneira de conseguir contato com eles se dê pela fumaça de um cachimbo ou por ofertas de fumo seco.

Segundo a tradição, os índios receberam de presente o fumo do deus Wenebojo, que o tirou de um gigante da montanha e deu a semente a seus irmãos.

Em quase todas as facetas de suas vidas, os nativos da região dos Grandes Lagos tinham motivos para solicitar os espíritos por atos de bondade ou para agradecer por favores passados.

O tabaco seco era colocado na base de uma árvore ou arbusto do qual se coletava o remédio, e uma pitada era jogada na água antes de cada dia de coleta de arroz selvagem para garantir um clima calmo e uma colheita abundante.

Antes de embarcar em uma canoa, um retorno seguro era garantido com a oferta de fumo na água.

Em viagens ou caçadas, os índios paravam para fumar e deixavam uma pitada de tabaco como oferenda quando encontravam certas características da paisagem, incluindo cachoeiras, árvores deformadas, rochas de formato estranho e lagos ou ilhas que se dizia abrigarem espíritos.

Quando as tempestades se aproximavam, as famílias se protegiam colocando uma pequena quantidade de tabaco em uma rocha ou toco de árvore próximo.

Ainda é, em algumas tribos, colocado nas sepulturas como uma oferta ao espírito que parte.

Pedidos aos mais velhos para relatar tradições orais ou outros conhecimentos especiais podem ser acompanhados de um presente de tabaco.

A importância do tabaco para os indígenas

Antes de todas as cerimônias religiosas, o fumo era e entre algumas tribos ainda é oferecido aos espíritos.

O método universal de convidar as pessoas para festas ou notificá-las das cerimônias era a entrega de uma pequena quantidade de tabaco seco por um mensageiro enviado para esse fim.

Quando um xamã concorda em aceitar o caso de um cliente, ele às vezes indica isso pegando o tabaco como um presente oferecido.

O tabaco também selava tratados de paz entre tribos e acordos entre indivíduos. Para tal, o chefe costumava manter um cachimbo especial, comprido e bem decorado. Assim surgiram os que são chamados de “cachimbos da paz”.

Fumar juntos também era uma forma de fechar barganhas ou acordos entre líderes de diferentes grupos, e oferecer o cachimbo a alguém significava o fim das hostilidades.

Misturas para fumar

Fumar cachimbo como parte de uma cerimônia ou oferenda espiritual parece ter sido tão comum quanto fumar para satisfação pessoal.

Para uso pessoal, o tabaco era consumido principalmente em cachimbos e era fumado por homens e mulheres, mas nunca por crianças.

Várias outras substâncias à base de plantas, geralmente salgueiro vermelho, eram (e em alguns locais ainda são) misturadas com o tabaco nativo forte em quantidades variadas.

Os cachimbos pessoais eram e são pequenos e mais curtos.

A mistura final, no caso desse tabaco misturado, geralmente pode contar apenas cerca de um terço de tabaco. Nessa situação, portanto, os efeitos nocivos do tabaco acabam sendo amenizados ou mesmo anulados.

Até porque o tabaco aqui citado também não é industrializado, e sim o Tabaco Xamânico,

O uso ritual do tabaco

O uso ritual do tabaco

O tabaco sempre foi considerado pelos indígenas como uma Planta de Poder, tendo caído em mau uso pela ação dos brancos, o que levou à perda de força e poder originais, passando a ser utilizado como algo meramente recreativo e viciante.

O uso ritual é mais moderado, não é banalizado, e portanto não ativa o mecanismo do vício.

O tabaco como planta de poder é fumado no Cachimbo Ritualístico, imantando com preces e a intenção de se unir ao divino e evocar o plano espiritual.

No Peru é fumado em rituais na Pipa (como chamam o cachimbo) e na forma de cigarro. Mas em geral o fumo não é tragado, como ocorre em seu uso recreativo, e essa é a ação que mais facilmente leva ao vício.

Também pode ser extraído o mel de tabaco, que é um poderoso enteógeno, uma substância que altera a consciência para conectá-la ao mundo espiritual, especialmente com os espíritos da natureza, os espíritos ancestrais e os animais de poder nas práticas xamânicas.

È comum ver nos rituais afro-brasileiros, em religiões como o candomblé e a umbanda, o uso do tabaco feito pelas entidades, para realizar passes e limpezas. Também são às vezes oferecidos charutos em despachos.

O tabaco serve como estimulante para vencer o cansaço, em caso de rituais muito exaustivos, e, tanto fumado como ingerido, pode ser empregado para produzir êxtases e facilitar o estado de transe  em que atuam muitos curandeiros.

Portanto, não nos cabe nunca demonizar o uso de uma planta, sendo que é o homem quem perverte o uso de certos presentes da natureza.


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