outubro 30, 2020

A Luxúria – Quando você só pensa “naquilo”.

O que é a Luxúria?

O que é a Luxuria

A Luxúria pode ser definida como um desejo sem freios pelo ato sexual.

Em muitas religiões e doutrinas místicas, a luxúria é considerada um pecado, como algo que afeta a vontade individual e a capacidade de diferenciar o bem do mal.

Não é, como geralmente se acredita, um “mal em si”, entendido como um ato que por si só é condenável.

Mas, de acordo com essas religiões, ela atrapalha a vontade individual porque o indivíduo se torna escravo de seus desejos e prazeres e fica dependente deles. Também perde a capacidade de distinguir bem e mal porque submete a sua moral aos seus desejos. Para realizá-los, faz qualquer coisa, mesmo que seja imoral ou vá ferir ou ofender outra pessoa.

Nesse segundo caso, temos por exemplo quem trai ou quem deseja ou busca ter algo com o  companheiro ou a companheira de outra pessoa.

Considerada um dos sete pecados capitais, para algumas religiões, no entanto, a luxúria não é um mal.

Pode ser considerada um simples desequilíbrio ou então chega a ser até exaltada.

A luxúria no cristianismo em geral

A luxuria no cristianismo em geral

A definição de luxúria, também dependendo das mudanças culturais que ocorreram ao longo dos séculos, obviamente esteve sujeita a variações nas interpretações.

Com o tempo, a visão rigorosa tradicional foi atenuada com teorias mais ou menos amenas.

Se por um lado por exemplo São Paulo era bastante rigoroso, chegando a afirmar que era ideal os esposos se manterem castos, ainda que fosse melhor se “casar do que abrasar”, Pedro Abelardo, por exemplo, durante a Idade Média dizia que havia no ser humano uma inclinação para a luxúria como uma tendência a desejar o outro/a pela aparência física.

O que não é essencialmente mau, já que se pode desejar assim uma companheira ou companheira que se ama. A questão seria não perder o controle desse desejo.

A Luxúria de acordo com a Igreja Católica

A Luxuria: De acordo com a Igreja Católica

A luxúria é para os católicos um dos sete vícios ou pecados capitais, o “vício impuro”, que está fora da norma moral.

De acordo com as elaborações doutrinárias da teologia moral do catolicismo, a luxúria é a causa de vários efeitos negativos, alguns dos quais têm destaque na esfera religiosa, enquanto outros interferem mais especificamente no livre arbítrio.

Pode haver grave perturbação da razão e cegueira da mente, ou seja, a pessoa realmente só pensa naquilo e pode se tornar até agressiva para conseguir realizar seu desejo sexual de qualquer forma.

Pode haver inconstância e inconsistência com relação aos valores morais. A pessoa diz e prega uma coisa, mas faz outra. A pessoa também tende a cultivar um amor-próprio egoísta. Ou seja, há egoísmo para realizar o próprio prazer e negação do amor ao próximo.

O amor fica em segundo plano em relação ao sexo. As relações não são firmes e os relacionamentos não são baseados no afeto e na confiança mútua, apenas no desejo, o que pode levar a grandes problemas e desentendimentos.

Há incapacidade de controlar as paixões. O que pode levar a consequências negativas.

Na doutrina católica clássica, a luxúria é o resultado da assim chamada concupiscência (uma espécie de ganância, de desejo que não se consegue frear) da carne (assim como os pecados da gula e da preguiça) e quebra o sexto mandamento, que proíbe cometer atos impuros, e o nono, que diz que não se deve desejar a mulher (e por extensão o homem) do próximo.

Entre os atos impuros, a visão católica tradicional fala tanto do sexo que não visa a reprodução e a união no casamento como também do mero desejo ou da imaginação voltada ao sexo (“quem olha para uma mulher por desejá-la, já cometeu adultério com ela em seu coração”, Evangelho de Mateus 5,28).

Entre os pecados que se opõem gravemente à castidade e estão relacionados à luxúria, são mencionados com frequência a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais.

Segundo a visão católica convencional, adultério e divórcio, poligamia e união livre (sem casamento) constituem ofensas graves contra a dignidade do casamento.

No entanto, é interessante notar que no Deuteronômio e no livro de Êxodo da Bíblia o sexto mandamento é na verdade mais estritamente “Não cometer adultério.”

Isso revela uma intenção original de focar mais na fidelidade conjugal do que no controle mais geral das paixões sexuais, como acontece no Evangelho.

A luxúria no hinduísmo, no budismo e na Gnose

A luxúria nas religiões indianas também é vista de forma um tanto negativa. Ela é considerada um obstáculo à Libertação espiritual, porque liga o homem ao mundo, a Maya, ou seja, à ilusão.

Tanto é assim que Kama, que é uma personificação do desejo sexual, aparece para tentar o Buda antes dele se iluminar.

E o Kama Sutra surgiu como um livro voltado a ajudar pessoas casadas a terem mais variação na vida sexual entre si. Não é um livro voltado a praticar posições com diferentes parceiros.

No tantra, assim como em algumas vertentes da gnose ocidental, influenciada pela espiritualidade indiana, a luxúria é vista como um pecado que leva à perda do sêmen. E portanto da força viril que leva o homem a despertar a kundalini.

De acordo com estas doutrinas, a luxúria faz com que o ser humano fique preso aos prazeres da carne e não desperte para os prazeres maiores proporcionados pela espiritualidade.

A luxúria de acordo com o paganismo antigo

Na religião pagã clássica, pelo contrário, a luxúria podia ser considerada um meio de contato com o divino, como por exemplo nos cultos dionisíacos.

Por causa de alguns excessos, os bacanais chegaram a ser proibidos na Roma antiga. E foram surgindo algumas doutrinas que pregavam uma contenção maior e uma moralidade que restringia os excessos do sexo.

Havia a prostituição sagrada, praticada pelas sacerdotisas de alguns templos orientais.

Ao mesmo tempo, no entanto, existia também o culto de Héstia para os gregos e Vesta para os romanos, deusas que protegiam o fogo da família e preservavam a castidade.

A luxúria no Tarot

a luxuria no tarot

No Tarot, uma carta que é muito forte no sentido da luxúria é a Carta do Diabo.

Pode representar pessoas escravizadas pelos vícios dos prazeres sexuais, entre outras coisas.

Pode falar de um relacionamento muito baseado na questão carnal/sexual.

Pornografia na internet e luxúria: os problemas que isso pode gerar

No século XXI, um dos problemas ligados à luxúria reside na questão da pornografia online.

O uso frequente, e às vezes abusivo, de sites pornográficos, pode causar problemas como disfunção erétil e ejaculação precoce.

Para os céticos ou incrédulos quanto a essa questão, existem inúmeros estudos para confirmar isso.

Um deles foi publicado no US Journal Psichology Today.

Segundo este último, a exposição contínua a material pornográfico dessensibiliza os indivíduos, tanto que eles não conseguem mais se excitar diante de uma mulher de “carne e osso” e podem vir a sofrer de impotência.

Os especialistas definiram a luxúria ligada à pornografia virtual como uma “anorexia sexual”, justamente para indicar uma espécie de vício em sexo.

Também há diversos estudos em português sobre este tema.

Como lidar com a luxúria

Se você realmente só pensa naquilo, e não consegue se controlar, chegando a fazer mal a si mesmo e aos outros com excessos relacionados ao sexo, talvez seja hora de parar e refletir.

Por exemplo se você assiste pornografia com frequência e se torna um viciado naquilo, levando a consequências que já estão sendo estudadas por alguns cientistas como sendo nocivas, podendo prejudicar o cérebro e levar a problemas como a impotência no caso dos homens.

Nesse caso, talvez você precise até mesmo de ajuda terapêutica.

Se não é esse o caso, se o seu problema é mais moderado e você quer só “maneirar” um pouco, a prática da meditação (ou a oração, ou as duas, uma aliada à outra) pode te ajudar bastante a controlar pensamentos relacionados ao sexo.

O importante é você não se culpar por nada. Apenas siga em frente, medite, e com o tempo conseguirá ir se conhecendo melhor para ter uma vida sexual saudável.

Uma vida sexual que não é nem oito nem oitenta. Nem indo para o caminho da repressão excessiva nem para o caminho do excesso nos prazeres, que pode levar você a deixar em segundo plano outras coisas importantes da vida.

Gratidão, paz e luz

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Marcello Salvaggio
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Marcello Salvaggio


Sou escritor e pesquisador nas áreas da religião, da literatura, do misticismo e da história.
Considero a espiritualidade a chave fundamental para o entendimento de nossas vidas, para encontrarmos o verdadeiro sentido de nossa existência, e todo meu trabalho é orientado nesse sentido.
Tenho livros publicados no Brasil e na Itália e sou formado em Letras pela USP e auricoloterapia pelo instituto EOMA, escola especializada em acupuntura e em outros ramos da medicina tradicional chinesa.
No campo da terapia e do aconselhamento, considero essenciais a empatia e o respeito ao livre-arbítrio alheio.


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