Logun Edé é um Orixá masculino, senhor da pesca e da caça e é filho de Oxóssi (Orixá rei das matas e dos caboclos) e Oxum (Orixá deusa dos rios e da água doce), dos quais herdou o jeito meigo e a graciosidade da mãe e a felicidade, a liberdade e o espírito caçador do pai. Portanto é um Orixá muito belo em seu porte físico, além de apresentar uma personalidade jovem exatamente por essa junção.
A personalidade deste Orixá é quase que contraditória, já que carrega a identidade ambígua de seus pais.
Desta forma, durante seis meses do anos se apresenta de maneira amável e benevolente, carregando o axé de Oxum, e em outro momento ele prefere a liberdade, a caça e a guerra, assumindo a seriedade de seu pai Oxóssi.
Contudo, Logun Edé tem como principal característica ser um exímio caçador, seja em terra ou águas doce. Ele sabe usar a paciência e sabedoria para alcançar o que deseja e a sua beleza encanta e arranca suspiros das demais deusas.
Seus elementos foram recebidos através da forma de um presente, pois sua mãe lhe deu um espelho, o abebé, no qual Logun Edé se admira, evidenciando sua vaidade. Já de seu pai ganhou o Ofá, o arco e a flecha para aprender os dons da caça.
Suas cores são azul-turquesa e amarelo-ouro e seus domínios residem na abertura dos caminhos para prosperidade e recebimento de riquezas. Já sua comida é chamada de Omolocum, que é composta de feijão fradinho, milho, cebola, ovos e azeite.
Além disso, Logun Edé é metá, ou seja, não possui qualidades vibratórias, ele é único e transforma-se no que quiser, pois ele concentra em si três energias diferentes: a dele mesmo, de Oxum e de Oxóssi. É um Orixá extremamente flexível e maleável. Devemos ter isso em mente para conseguir lidar com ele da melhor forma.
O dia de Logun Edé é a quinta-feira e a sua data de comemoração é 19 de abril, dia de Santo Expedito, pelo fato de o santo ser sempre representado segurando dois objetos (uma cruz e um ramo de Palmeira), assim como Logun Edé, que geralmente segura um espelho e um arco e flecha.
Há ainda um fato curioso relacionado apenas a este Orixá que o conecta à tradição católica: o fato de Logun Edé completar o triângulo Yoruba, “pai, mãe e filho”, que se repete na Santíssima Trindade: “Pai, Filho e Espírito Santo”.
A saudação de Logun Edé é Logun ô akofá! ou Loci Loci Logun, que significa “Brada, Príncipe Guerreiro!”.
História de Logun Edé
Apesar do grande amor entre os pais de Logun Edé, Oxóssi não se conseguia se ver preso dentro de um casamento e por isso pediu a Oxum que, em nome do amor deles, pudesse criar seu filho como lembrança dela.
Oxum, sabendo que não poderia se separar de seu filho, lhe respondeu: “O menino ficará seis meses com o pai e sei meses com a mãe e aprenderá sobre os ensinamentos de ambos, assim como comerá de caça e de peixe. Ele será Oxum e Oxóssi, sem deixar de ser ele mesmo, ou seja, Logun Edé: o príncipe da floresta e exímio caçador”.
Logun Edé era uma criança muito ativa e por isso Oxum vivia a adverti-lo para não ir onde as águas eram profundas e turbulentas (pois Obá, a Orixá feminina da justiça e grande inimiga de sua mãe, habitava essas águas e em seu ódio por Oxum com certeza faria algo à criança).
Mas, por ser muito curioso, um dia, na distração de sua mãe, a desobedeceu, Obá notando a presença do garoto em suas águas. Ela despertou a fúria do rio para afogá-lo.
Desesperada e sem saber o que fazer, pois a criança estava fora de seus domínios, Oxum suplicou a Olorum (representação de Deus) o seu auxílio, e ele salvou a criança, mas a entregou para Iansã, a Orixá deusa dos ventos e tempestades, para ela cuidar, pois não achava seguro ele ficar em uma área de confronto entre Oxum e Obá.
Nesta época, Iansã era esposa de Ogum e os dois criaram Logun Edé como seu filho. Sem saber do que havia acontecido com a criança, Oxum o considerou morto. Enquanto ele crescia, suas visitas a Oxóssi continuavam, mas devido à frieza do Orixá, ele nunca o falou sobre a sua mãe e, quanto mais perto da adolescência Logun Edé chegava, mas a imagem de Oxum se perdia em sua memória.
No entanto, em um dia de caminhada, sobre as margens de um rio, ele avistou uma linda deusa, próxima a alguns lírios, e sentiu um inexplicável sentimento de amor e acolhimento e logo a chamou. Imediatamente, Oxum reconheceu o seu filho e, com grande emoção, chorando de felicidade, contou-lhe tudo que ocorrera. Nada deixava Oxum mais feliz e emotiva do que ver o seu filho.
Contudo, nessa época Oxum já havia se casado com Xangô, o Orixá rei da justiça, e ele não admitia que nenhum homem chegasse perto de suas esposas, por isso Logun Edé nunca mais pôde morar com sua mãe, pois deveria manter distância do castelo de Xangô, e então passou a encontrá-la escondido nas águas do rio.
Sem dúvida uma bonita história envolvendo mãe e filho!
Características dos Filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem uma essência peculiar, e normalmente são pessoas muito indecisas, nunca sabem o que realmente querem e até mesmo suas emoções e formas de agir são um pouco indefinidas, pelo que oscilam entre um profundo amor e vontade de se entregar a uma verdade paixão ou querer viver livres suas vidas, sem se apegarem a ninguém.
Isso se deve ao fato de que as características de Oxum e Oxóssi estão presentes nestas pessoas, mas de maneira superficial, ou seja, filhos de Logun Edé são sensuais, carismáticos, elegantes, belos como Oxum e objetivos e seguros como Oxóssi, mas tudo isso se dá de forma menos incisiva em relação ao que ocorre com os próprios filhos desses Orixás.
Como defeito, podem se tornar pessoas soberbas e arrogantes. Possuem olhar de felino, aquele que prende pela beleza, mas ao mesmo tempo intimida. São autoritários e gostam de mandar e não são nem um pouco modestos.
Por serem naturalmente belos, sustentam tudo com a confiança em sua aparência. Mas, se eles se tornarem pessoas conscientes de seus defeitos e de seus pontos fortes, se tornarão extremamente agradáveis e nascidos para o sucesso, já que possuem grande disposição para correr atrás de que almejam e assim conquistar a prosperidade.
Oferenda a Logun Edé
A oferenda a Logun Edé é o Omolocum, já suas as quizilas (ewó – tudo o que o Santo de cabeça do médium em iniciação determina que não se pode comer ou fazer, durante um curto ou longo período da sua vida) são: mel, manga espada, galo, cabrito e bode.
Omolocum: como preparar
Ingredientes: 500 gramas de feijão fradinho, 500 gramas de milho, 4 ovos cozidos, azeite de oliva e 1 cebola e lascas de coco.
Modo de preparo: cozinhe o feijão com água, cebola e azeite e, enquanto isso, cozinhe também separadamente o milho. Pegue o feijão bem cozido e amasse até virar um purê e coloque-o em um alguidar ocupando somente o lado esquerdo. Na outra metade coloque o milho cozido.
Por cima do feijão coloque os 4 ovos descascados perfeitamente, sem ferir a clara com a ponta mais fina para baixo, e por cima do milho coloque as lascas de coco de maneira uniforme.
Axoxó de Logun Edé
Ingredientes: 400 gramas de camarão seco triturado, 4 cebolas grandes raladas, 1 quilo de feijão fradinho, 6 ovos cozidos e descascados de forma perfeita, 1 quilo de milho vermelho, 1 coco, sal a gosto e 500 ml de azeite de dendê.
Modo de preparo: cozinhe o feijão fradinho, em seguida refogue com um pouco do azeite de dendê o camarão com a cebola e o sal, adicione o feijão cozido ao refogado e acrescente aos poucos o azeite, até que o tempero se misture com os ingredientes.
Cozinhe separadamente o milho vermelho em água e sal, escorra-o e espere até que esfrie. Em um alguidar, coloque do lado direito o milho e do lado esquerdo o feijão com camarão, da maneira mais uniforme possível. Em cima do feijão, ponha cos ovos descascados com a ponta fina para baixo e o coco em cima do milho.
Distribua tudo de maneira uniforme.
Importante lembrar que toda oferenda deve ser orientada por um dirigente da religião, pois cada Orixá possui suas peculiaridades, que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhece após anos de prática na religião.
Oração para Logun Edé
“Menino deus, Logun Edé, senhor das brincadeiras e das alegrias constantes
Menino deus das bênçãos da vida e da terra cintilante
Menino deus do abebé e do ifá, que sua atenção caia sobre mim
Menino deus do ouro das pedras de arco-íris
Menino deus do arco e da flecha que aponta o destino
Menino deus da prosperidade
Menino rei da bondade
Menino deus, guarda os meus passos
Menino deus, me acolha em seus braços
Menino deus, senhor do mundo, senhor da esperança, guie os meus passos, sob seu manto amarelo e verde. Saravá Logun Edé!”
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