A maioria das pessoas acaba comendo em excesso e se sentindo mal depois disso, especialmente se isso acontece durante uma dieta. Mas para a maioria das pessoas, isso não é um problema.
Outros, porém, sofrem com a compulsão alimentar e perdem o controle sobre o que e o quanto comem.
O que é compulsão alimentar?
A compulsão alimentar é um distúrbio alimentar no qual a pessoa ingere grandes quantidades de comida sem conseguir parar. Ela perde o controle de sua vontade de comer.
Essa compulsão afeta igualmente homens e mulheres, ao contrário de outros distúrbios mais comuns em mulheres, mas as mulheres são as que mais procuram ajuda, possivelmente devido à sua maior preocupação com os efeitos da compulsão alimentar sobre sua aparência, em razão dos padrões de beleza.
Por outro lado, independentemente dos padrões, que são relativos, convém tratar a compulsão pois se trata de uma questão de saúde.
As principais características da compulsão alimentar
As principais características da compulsão alimentar são:
1. Episódios frequentes de alimentação compulsiva;
2. Sentimentos de raiva, culpa ou angústia durante ou depois de comer compulsivamente;
3. Ao contrário da bulimia, não há tentativa de compensar o consumo através de vômitos, jejum ou exercícios excessivos.
Essa compulsão pode ser reconfortante por um tempo, compensar uma frustração e ser algo prazeroso, mas após o episódio, a pessoa se sente culpada por comer demais.
Então você acaba criando um ciclo: a pessoa come compulsivamente para se sentir melhor, acaba piorando e volta a comer demais para tentar se sentir melhor novamente.
Causas da compulsão alimentar
A compulsão alimentar é geralmente causada por uma combinação de causas, incluindo fatores biológicos, sociais e psicológicos. Alguns deles são:
1 – Dieta:
Algumas pessoas podem sofrer com essa compulsão quando saem de uma dieta restritiva.
Elas argumentam que a dieta as deixou deprimidas e com fome pela falta de comida.
A solução fácil acaba sendo abandonar a dieta e voltar a comer normalmente, mas pesquisas indicam que a partir daí essas pessoas podem começar a comer demais. Até como forma de compensação por aquilo de que se privaram por um tempo.
A depressão e a tristeza podiam estar ali por outra causa que não a falta de comida, então elas persistem e a comida se torna uma válvula de escape.
No entanto, vamos deixar claro, nem todas as pessoas que abandonam uma dieta sofrem de compulsão alimentar.
Portanto, a existência de outro fator pode influenciar o desenvolvimento da compulsão alimentar.
2 – Nutrição emocional:
Pessoas com baixa autoestima que têm problemas de peso, ou então filhos cujos pais usavam a comida para confortar ou recompensar, podem acabar recorrendo ao alimento como forma de conforto e consolo e acabam desenvolvendo.
3 – Estresse:
Pessoas com compulsão alimentar geralmente ficam muito estressadas. O estresse pode causar ou ser causado pela compulsão alimentar, o que gera um ciclo vicioso em que a pessoa come para ficar menos estressada, fica mais estressada por ter comido demais e volta a comer para diminuir o estresse.
Controlar o estresse é uma parte importante do controle da compulsão alimentar.
4 – Depressão:
Depressão e compulsão alimentar estão relacionadas. Muitas pessoas com compulsão alimentar têm ou tiveram depressão em algum momento de suas vidas.
O risco de uma pessoa depressiva sofrer de compulsão alimentar é ainda maior do que o de uma pessoa que não sofre do transtorno.
Outras causas da compulsão alimentar incluem hábitos alimentares inadequados, distúrbios da imagem corporal, dependência alimentar e disfunções hormonais que impedem o cérebro de receber do jeito certo sinais de fome e saciedade.
Sintomas de compulsão alimentar
Os sintomas da compulsão alimentar podem ser divididos em sintomas comportamentais e emocionais.
Sintomas comportamentais:
1. incapacidade de parar de comer ou controlar o que está comendo;
2. comer grandes quantidades de comida rapidamente;
3. comer mesmo quando já se está satisfeito;
4. ocultar ou armazenar alimentos escondidos para comer;
5. comer normalmente perto de outras pessoas e compulsivamente quando se está sozinho;
6. fazer várias dietas diferentes sem levar realmente a sério nenhuma;
7. comer continuamente ao longo do dia, sem horários programados para as refeições.
Sintomas emocionais:
1. estresse ou tensão que ocorre apenas ao comer;
2. constrangimento sobre o quanto você está comendo;
3. você sente que não está lá, ou como se estivesse no piloto automático, enquanto come sem parar;
4. nunca se sinta satisfeito, não importa o quanto você coma;
5. sentir-se deprimido, culpado ou entediado após comer compulsivamente;
6. medo de não conseguir parar de comer;
7. desespero para controlar o peso e os hábitos alimentares.
Tratamento da compulsão alimentar
Assim como as causas da compulsão alimentar são variadas, os tratamentos também são.
O tratamento pode envolver psiquiatras, terapeutas, nutricionistas e especialistas em transtornos alimentares e obesidade. É importante não apenas tratar os sintomas e as consequências da compulsão alimentar, mas também suas causas.
O tratamento deve começar com avaliação por um profissional de transtorno alimentar que possa identificar a causa da compulsão alimentar.
Um histórico alimentar completo ajudará o especialista a identificar os eventos e desafios que levaram à predisposição ao problema.
O tratamento deve cuidar dos aspectos físicos e emocionais e incluir mais do que apenas a relação com a comida. Deve levar em conta a pessoa como um todo. Alguns dos objetivos do tratamento devem ser:
1 – lidar bem com os sentimentos;
2 – comer confortavelmente em uma variedade de situações;
3 – gerenciar situações problemáticas como feriados e comemorações de fim de ano;
4 – dormir bem e sentir-se saudável;
5 – controlar o estresse e ser mais feliz;
6 – lidar bem com as relações pessoais;
7 – construir uma boa autoestima;
8 – ser capaz de dizer não aos alimentos e às pessoas quando necessário.
Tratamento médico
Embora alguns medicamentos possam ajudar a controlar os excessos, as taxas de recaída quando há interrupção são muito grandes, por isso não são sempre recomendados.
O uso de medicamentos só deve ser feito se a pessoa apresentar outros problemas como fobia ou depressão grave e não reagir bem a outras formas de tratamento.
Caso contrário, a terapia é a melhor maneira de combater a compulsão da maneira certa: de dentro para fora.